sexta-feira, 10 de julho de 2009

Poemas que (não) são de Clarice

A Cláudia, uma amiga querida mandou-me, dia desses, uma dessas brincadeiras da internet: você responde a um questionário e, pelas respostas, você é identificado com um livro da literatura brasileira. Participei e o resultado foi: A Paixão segundo G. H., de Clarice Lispector, livro este que ainda não li.
O poema a seguir é o resultado do arranjo em versos, feito pelo padre Antônio Damázio, do texto em prosa da escritora Clarice Lispector. É bom que se diga que Clarice apesar de escrever de forma não versificada, era poeta verdadeira. Clarice fazia poesia sem quebrar as linhas. Padre Antônio Damázio fez o “arranjo” de “Dá-me tua mão”, a partir de trecho do texto de “A Paixão, segundo G. H.”

Dá-me a tua mão

Dá-me tua mão
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.

De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.

2 comente aí::

Rê Cicca disse...

Eu nunca li um livro todo* da Clarice, na verdade só li alguns textos soltos. Uns se dizem apaixonados, outros a acham complicada, enfim...deve ser caso de amor à primeira lida, não sei....Muito interessante essa versificação do padre!

Guto disse...

Pelo menos esse padre fez alguma coisa diferente, que não fosse voar em balões de festas infantís...