quarta-feira, 24 de junho de 2009

A PAIXÃO NACIONAL NO MEU LIVRO DO ÓDIO

É quase certo que você conheça alguém assim. São encontráveis em praticamente todos os ambientes, preferencialmente em bares, restaurantes populares, ambientes de trabalho etc. Possuindo nível intelectual em torno da média amebiana, é destemido ao falar... mas com um probleminha, ele é aquela pessoa que só tem um assunto, um mísero assunto: só fala sobre futebol. Só. Uma chatice só.

Pessoas com esse desvio tendem a ser impermeáveis a idéias que não se relacionam com futebol, ou então, se há relação, mas que não correspondam à obsessão delas: que o time para a qual elas torcem é o melhor em qualquer circunstância; e mais, têm tendência à ira quando confrontados por outros, de forma lógica ou mesmo jocosa, com relação ao desempenho do seu time.

Pessoas assim formam os espectadores dessas aborrecidíssimas “mesas-redondas” sobre futebol que algumas emissoras transmitem após os jogos, onde todos falam ao mesmo tempo e ficam discutindo minúcias sem qualquer importância para o esporte em si. Depois se apropriam dessas idéias e saem despejando em cima de gente que não gosta e nem tem saco pra esse tipo de programa de TV.

Pessoas com essa patologia têm – algumas mais, outras menos – noção da mediocridade intelectual da qual são possuídas e, num instinto natural de defesa, alegam sempre um mesmo argumento com o qual procuram se retratar perante a si e aos outros: “Eu gosto de esporte!” Generalizam, como se a prática esportiva como um todo fosse objeto de seu profundo interesse. No entanto, o esporte, apreciado, discutido, “entendido” em seus mais ínfimos detalhes, é sempre quase exclusivamente, o futebol. Pelo fato do Brasil ter sido a pátria de três campeões mundiais de Fórmula 1, essa é normalmente a prática esportiva que permite ao monotemático portador da síndrome, de se afirmar como apreciador do Esporte, com E maiúsculo, e não um simples e alienado torcedor do seu time de futebol. Esses casos são facilmente desmascaráveis: normalmente, a opinião deles é a mesma que o Galvão Bueno emitiu na transmissão televisiva da corrida.

Se constrangidas a opinar sobre outra questão qualquer, tal opinião quase sempre é desprovida de argumentos que a fundamentem. Têm a tendência a menosprezar qualquer conversa que não seja sobre futebol, e ainda distorcê-la, se possível, para o futebol. Exemplo: o assunto envereda pela política, o “fute-maníaco” logo se sai com essa: “Político é tudo ladrão (sic)” (a generalização até não é fora das medidas, mas a banalização, sim). Em seguida ele critica o presidente Lula, porque, afinal de contas, o Lula é.... o Lula é.... corintiano!

Haja!

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