terça-feira, 10 de março de 2009

Foi isso...

Eu fui obrigada a conhecer o avesso do mundo.
Prá sobreviver à dor de não entender o que tinha acontecido,
À dor de te perder, tudo.
Eu tive que nascer pra vida da cidade. Não a vida social, mas a vida da cidade e de seus cantos esquecidos. O lixo do lixo.
Eu me perdia pela cidade, anônima, e esse anonimato era um vício.
Eu não Ter meu nome me absolvia de tudo. Eu me embebedava do desejo cego por qualquer um...
E assim, eu me iniciei na solidão coletiva dos que não têm nada a perder.
Mas, talvez, eu tenha até mais que os outros a tentação de corresponder ao bem. Uma tentação tão grande e absoluta, um desejo de corresponder de forma tão total, que paradoxalmente me tornou e me torna escrava cega de minha escuridão.
E quando essa escuridão me possui, eu até a confundo com uma espécie de bem-aventurança.
(texto de Fauzi Arap)

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