sexta-feira, 5 de setembro de 2008

sobre chatezas


O maior chato é o chato perguntativo.
Prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir pensando noutra coisa...
Me lembro que fiz um soneto inteiro - bem certinho, bem clássico e tudo - durante o assalto ao Quarto do Sétimo, isto é, quando um veterano de 30 me contava mais uma vez a sua participação nas glórias e perigos daquela investida.
As velhotas que nos contam seus achaques também são de grande inspiração poética.
Mas que fazer contra a amabilidade agressiva do chato solícito?
Aquele que insiste em pagar nossa passagem, nosso cafezinho, ou quer levar-nos
à força para um drinque, ou faz questão fechada de nos emprestar um livro
que não temos a mínima vontade de abrir...
Ah! ia-me esquecendo dos proselitistas de todas as religiões.
Os proselitistas amadores, que são os piores. Quanto aos sacerdotes que conheço,
registre-se em seu louvor que eles sempre me falam de outras coisas.
Ou me julgam um caso perdido ou um caso garantido...
Bem, qualquer que seja o caso, deixam-me em paz.
O que pode acontecer de mais chato no mundo é o chato que se chateia a si mesmo,
o autochato.
Para essa extrema contingência, descobri em tempo que a última solução não é o suicídio.
É escrever, desabafar para cima do leitor, o qual, se me leu até aqui, a culpa é toda dele.
Há gente para tudo...(Quintana)

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