sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ruy Guerra


Hoje é o niver de Ruy Guerra: ator, cinesta, roteirista, produtor e letrista
(fala inglês e dança ballet hehehe). Era moçambiquense e fez cinema/teatro em Portugal, México, Brasil e foi casado com a Leila Diniz e com a Claudia Ohana. Fez as letras das músicas: Alelúia, Ana de Amsterdam, Cala a boca, Bárbara, Tatuagem etc...(curriculum pra ninguém botar defeito).
Mas ele escreveu um poema em conjunto com Chico Buarque, que é um dos meus preferidos, entre os meus prediletos: Fado Tropical, o poema falado é simplesmente maravilhoso, tanto o significado, como a voz do declamador e a expressão dela:
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental / Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro). / Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar / Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
E o soneto final:
"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto,
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto,
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa,
Mas meu peito se desabotoa...
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa,
Pois que senão o coração perdoa"

3 comente aí::

sheila disse...

Esse soneto sempre me emociona porque reflete de forma tão crua e doce a constante guerra íntima e a pluralidade, por vezes contraditória, do espírito lusitano.

Rosamaria disse...

Gosto muito do poema,do Luís Guerra. Estou postando porque muitos acham que o poema é de Chico.

belorizontíneas disse...

Não só lusitano mas de todos colonizadores